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Turquia começa a julgar ativistas de direitos humanos acusados de terrorismo

11 ativistas, entre eles um diretor da Anistia Internacional, podem ser condenados a 15 anos de prisão por terrorismo. Dez deles foram detidos em julho, após participarem de um workshop

Ativistas em protesto (Foto: G1)
Ativistas de direitos humanos, incluindo o diretor da Anistia Internacional na Turquia, começaram a ser julgados nesta quarta-feira (25) das acusações de terrorismo, em um processo derivado de uma tentativa frustrada de golpe que se tornou foco de tensões entre Ancara e aliados europeus.

A polícia interditou a principal praça nas proximidades do tribunal em Istambul, mas muitos jornalistas e apoiadores dos réus foram à área mesmo assim. Um grupo de cerca de 50 integrantes de entidades de direitos humanos, consulados estrangeiros e grupos de direitos das mulheres se postou diante da corte com cartazes dizendo "Libertem os Defensores dos Direitos Humanos".

Os 11 ativistas, entre eles o diretor da filial turca da Anistia (Idil Eser), um cidadão alemão (Peter Frank) e um sueco (Ali Gharavi), podem ser condenados a até 15 anos de prisão pelas acusações, que incluem filiação e ajuda a uma "organização terrorista armada".

Dez deles foram detidos em julho, após participarem de um workshop sobre segurança digital na ilha de Büyükada, e oito deles seguem presos. O presidente da Anistia Internacional no país, Taner Kiliç, foi preso em junho suspeito de fazer parte de uma rede de simpatizantes do clérigo islamita Fethullah Gülen, considerado pelo governo turco como o mentor da tentativa de golpe.

"É um julgamento de defensores dos direitos humanos que participavam de um workshop em uma ilha de Istambul, mas na realidade é o sistema de Justiça turco e as autoridades turcas que estão em julgamento", afirmou John Dalhuisen, diretor da Anistia Internacional para a Europa e a Ásia Central, diante do tribunal.

A acusação

A acusação destaca que, durante o evento em Büyükada, eles falaram sobre "como armazenar informações em um celular de forma segura se o mesmo for confiscado pela polícia, como impedir que a polícia e outras pessoas tenham acesso a essas informações e como criptografá-las".

O Ministério Público turco concluiu que os acusados tinham intenção de realizar atividades ilegais e que o seu objetivo era "transformar a situação política atual, suscitando revoltas similares às de Gezi (a onda de manifestações contra a destruição desse parque em 2013) através de organizações que atuariam como ONGs, mas que são dirigidas por organizações terroristas".

"As acusações são absurdas. No texto de acusação não há qualquer prova. Esperamos que, após três meses em prisão preventiva, seja decretada a liberdade provisória para que possam retornar às suas famílias", afirmou o representante da Anistia Internacnional no país, Andrew Gardner. "Esperamos que todos os defensores dos direitos humanos sejam libertados hoje".

O caso aprofundou os temores de que a Turquia, aliada essencial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por fazer fronteira com Iraque, Irã e Síria, esteja se tornando cada vez mais autoritária sob o comando do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Erdogan diz que a repressão desencadeada após o fracassado golpe de Estado do ano passado, que levou 5 mil pessoas à prisão é essencial para manter a estabilidade do país.

Do G1
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