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Neta acusa Trauminha-JP de ser responsável por morte de seu avô

Ela relata mais um descaso do Trauminha/JP após morte de avô: "Vovô teve a infelicidade de pegar um plantão desumano", desabafou

Idoso esperou 10 horas por atendimento (Foto: PB Agora)
O Trauma de João Pessoa, gerido pela prefeitura da Capital, virou alvo de mais uma denúncia, nessas prévias carnavalescas. A neta da mais nova vítima, Sâmya Renata, foi quem fez um relato nas redes sociais. Ela lamentou o tratamento o qual classificou de desumano, ofertado pela unidade hospitalar, ao seu avô, um idoso de 92 anos.

No relato, negligência, falta de material e até de leitos fazem parte do enredo de mais uma morte anunciada.Foram mais de 10 horas de espera por atendimento.

"Vovô teve a infelicidade de pegar um plantão desumano, descompromissado e sem o tratamento humanizado que tanto falam no SUS", disse ela.

Ao final do desabafo, a mulher lembra que as eleições estão próximas, e aqueles que pedem voto também são responsáveis pelo descaso com a saúde pública.

"Em outubro tem eleição e se o plantão que estava atuando na madrugada do dia 06/02/2018 no Ortotrauma de Mangabeira teve responsabilidade nesse sofrimento, quem está acima, pedindo nosso voto também tem, porque não coloca pessoas para fiscalizar o serviço que oferece. A nossa família resta apenas um consolo: Meu avô descansa nos braços do Altíssimo, onde não há mais dor, nem sofrimento, nem omissão, nem choro, nem falta de compaixão. Não foi um adeus, foi um até breve!", arrematou.

Nas redes sociais a postagem já recebeu quase 1 mil curtidas e mais de 200 compartilhamentos. Nos comentários, internautas corroboram com o relato e lamentam a qualidade de atendimento da unidade hospitalar.

CONFIRA O RELATO NA ÍNTEGRA DE SÂMYA

Queridos, conto abaixo como meu avô, um idoso de 92 anos foi atendido no hospital Ortotrauma de Mangabeira dia 06/02/18. O texto é um pouco longo mas é preciso que contemos com detalhes o ocorrido para que você entenda todo sofrimento que a nossa família enfrentou. Esperamos que os responsáveis se pronunciem e respondam por seus atos, para que o mais rápido possível essas histórias deixem de se repetir nos hospitais do nosso país. Se você puder compartilhe nossa história para que ela chegue ao máximo de pessoas possível. A foto que segue é da minha tia, num desabafo desesperado após ver meu avô morrer na sua frente.

Meu avô passou mal por volta de 1h da manhã. Chegou no Trauminha por volta das 2h15 levado pelo SAMU, foi medicado e fez um eletro. Até as 4h nenhum diagnostico fechado. Precisavam de outro exame, o de enzimas cardíacas, que foi feito apenas perto das 5h, quase 3h depois que ele chegou e que demoraria ainda outras 4h para sair o resultado.

Meu avô sentia muitas dores no peito, braços e queixo mas não se entregou. Era forte como um touro e aguentou quase 10h sentado numa cadeira na ala amarela, lúcido e sereno. Exame feito, disseram que faltava o médico cardiologista chegar para autorizar sua transferência pois ele precisaria fazer um cateterismo, procedimento que não era feito lá. Nos foi dito apenas que era um infarto. O médico que chegaria às 7h30, não chegou.

O tempo começou a passar e as informações eram desencontradas. “Ah o médico chegou” “Ele ainda não chegou”. E permanecíamos esperando. Meu avô conversava, na sua inocência suspeitava que a dor era muscular, por ter tentado fazer algo no pé de mamão no dia anterior. Nos pediu pra ir pra casa dormir e colocar um “Emplastro Sabiá” (como ele dizia) que ia melhorar. Por tanta demora solicitamos acesso ao exame para enviarmos a uma médica amiga da família e ela, uma pessoa de fora do hospital enfim nos explicou a gravidade:

O infarto do meu avô era de grande extensão, na parede inferior do coração. Ele precisaria de intervenção rápida, ainda pela madrugada quando chegou. Estávamos correndo contra o tempo e não sabíamos. Voltamos novamente a assistente social do plantão que debochadamente nos disse que não havia mais nada a fazer e que chamar a imprensa não adiantaria de nada. Apenas nessa hora, lá pelas 11h da manhã fomos informados por ela que não havia vaga nos hospitais para recebê-lo. Pouco depois vovô se queixou que a dor aumentou. Deram morfina e disseram que ele ficaria tranquilo até o médico chegar. Não ficou. Pouco depois o grito de desespero da minha tia tomou o hospital: Ele havia partido alí, na sua frente. Infartou novamente. Nesse momento, apareceu uma maca e uma vaga na área vermelha, que havia sido negada enquanto ele ainda estava vivo.

Disseram anteriormente que não havia monitor, nem leito disponíveis na área vermelha... Não até ele desfalecer diante de nossos olhos e passar já morto numa maca pela recepção. Não morreu! Disseram. Está em parada! Sustentaram isso por 30 minutos. Disseram que tentaram reanimar oito vezes e que ainda entubaram. Não havia marca em seu corpo que indicasse isto. Vovô infelizmente morreu sem a dignidade que tem direito e que lhe era garantida pelo estatuto do idoso.

Vovô que teve a infelicidade de pegar um plantão desumano, descompromissado e sem o tratamento humanizado que tanto falam no SUS. Pessoas que para nos responder alguma pergunta, após muita insistência, não levantavam nem os olhos, respondiam olhando para seus celulares, como se a vida pouco valesse. Vovô que teve a infeliz sina de ter sido levado ao Trauminha, pelo SAMU. Por unanimidade as pessoas que viam nosso desespero diziam: aqui é um abatedouro de gente. Faltou humanidade, faltou acolhimento, faltou dignidade.

Faltou tanta coisa meu Deus! Nossa família viu impotente meu avô ser deixado para morrer por quase 10h numa cadeira de hospital. Hospital esse pago por mim, por ele, por você.

Quando viram nosso desespero, liberaram a entrada da nossa família e nos encaminharam para uma sala com a diretoria do plantão, as duas assistentes sociais e uma psicóloga que estava iniciando o plantão naquele momento e parecia ser a única pessoa com um pingo de empatia naquela sala. Aquela reunião mais parecia uma tentativa de abafar o caso e calarem nosso choro, pois já havia uma equipe de reportagem no local e as e as outras famílias abraçaram nossa dor e já estavam todas revoltadas também. Ninguém naquela sala conseguiu responder porque meu avô não tinha monitor nem estava no local apropriado para a gravidade do caso.

Ninguém soube responder porque um idoso com um infarto de grandes proporções espera por quase 10h por atendimento adequado sentado numa cadeira na ala amarela. Ninguém soube responder porque não levaram ele para qualquer hospital pra fazer o procedimento e trouxeram de volta.

Não ter leito não era desculpa. (você sabia que isso é possível?) Ninguém soube responder porque não foi dado a família o direito de tentar conseguir outra alternativa. Nos disseram o que estava acontecendo tarde demais. Ninguém soube dizer porque o médico responsável pelo setor de “risco de vida” só soube da presença do meu avô no hospital após ouvir nossos gritos de desespero, quando meu avô já havia falecido. Ninguém soube responder porque nenhuma das duas assistentes sociais do plantão veio conversar com a família e explicar a gravidade do quadro do meu avô nem muito menos nos acolher.

Ninguém soube responder o porque o cardiologista ao chegar lá pelas 12h (lembram dele?) falou que o procedimento poderia ter sido feito por qualquer médico e equipe do plantão, não precisavam esperar por ele. Ninguém soube dizer porque enquanto meu avô esperava para morrer nossa família não podia esperar por informações sentada numa das 20 cadeiras da recepção que estavam disponíveis.

Ficamos no meio da rua.  Minha tia mesmo sozinha, teve que ficar do lado de fora do hospital, correndo perigo e tendo que praticamente se humilhar para usar o banheiro da recepção, porque a recepção é bloqueada com uma corrente com a desculpa que bêbados e drogados iam fazer tumulto por lá. Nessa hora ninguém soube explicar porque não é fácil diferenciar um bêbado de um familiar de um paciente. Ninguém sabia dizer nada e a gente só sabia de uma coisa: Meu avô não precisava ter ido nessas circunstancias. A nossa família não precisava ter passado por esse trauma. A lei que protege o idoso só funciona na teoria e nos discursos políticos.

Em outubro tem eleição e se o plantão que estava atuando na madrugada do dia 06/02/2018 no Ortotrauma de Mangabeira teve responsabilidade nesse sofrimento, quem está acima, pedindo nosso voto também tem, porque não coloca pessoas para fiscalizar o serviço que oferece. A nossa família resta apenas um consolo: Meu avô descansa nos braços do Altíssimo, onde não há mais dor, nem sofrimento, nem omissão, nem choro, nem falta de compaixão. Não foi um adeus, foi um até breve!

Confira também reação da população


Do PB Agora
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