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PF vai investigar organização que tenta impedir apuração do caso Marielle

Apuração foi um pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com base em dois novos depoimentos de testemunhas

Vereadora foi assassinada junto de seu motorista no dia 14 de março (Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio)
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta quinta-feira que determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar a existência de uma organização criminosa que poderia estar atrapalhando a apuração dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista dela, Anderson Gomes. Segundo Jungmann, este grupo, composto por agentes públicos, contraventores e milicianos, atuaria para "impedir, obstruir e desviar a elucidação dos crimes".

Em entrevista coletiva no Ministério, em Brasília, Jungmann explicou que a decisão não significa a transferência de poderes do caso porque os trabalhos para prender os assassinos e os mandantes continuarão com a Polícia Civil do Rio.

"Vão ter duas investigações em paralelo. A da morte de Marielle continua. Mas vai ter outro eixo, que vai investigar, seja quem está dentro do poder público, ou quem está fora. É uma investigação da investigação, vamos assim dizer. Se levar luz sobre quem matou Marielle Franco, é uma possibilidade, mas não é esse o objeto", afirmou o ministro.

Jungmann justificou a medida como necessária por envolver, por exemplo, indícios de fraudes processuais, corrupção, favorecimento pessoal, exploração de prestígio e falsidade ideológica, entre outros crimes. A abertura de um novo inquérito foi pedida pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a partir dos depoimentos de duas testemunhas.

Uma delas é do ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando da Curicica, preso no Rio Grande do Norte e apontado como um dos suspeitos. Em entrevista ao jornal O Globo ontem, o ele contou que a Polícia Civil não tem interesse em solucionar os crimes de Marielle e Anderson.

Proteção às famílias

Além disso, Curicica disse que membros da corporação, incluindo o chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, teriam montado uma rede de proteção aos envolvidos nos assassinatos. Em nota, Barbosa repudiou "a tentativa de um criminoso altamente perigoso de colocar em risco as investigações".

As famílias de Marielle e Anderson terão proteção policial. Em agosto, o ministro ofereceu que a Polícia Federal assumisse a investigação principal dos dois assassinatos, mas a Polícia Civil do Rio recusou. À jornalista Miriam Leitão, na GloboNews, o governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse que a elucidação das mortes será divulgada até o fim do ano.

"Não apenas como companheira de Marielle, mas como cidadã, sinto tristeza e vergonha porque a morte dela fará sete meses (agora oito meses) sem qualquer solução. Qual poder que vai resolver? Pouco importa. O estado brasileiro deve uma resposta ao mundo", declarou Mônica Benício em entrevista ao DIA.

Para Mônica, a decisão de Jungmann é um "somatório de forças" e considerou "relevante". Ela defendeu que toda a investigação fique a cargo da PF. "Não creio que o governo do estado resolva", lamentou. Marielle e Anderson foram mortos a tiros, em 14 de março, no Estácio. Estavam em um Chevrolet Agile branco quando os assassinos, em outro veículo, atiraram. Uma assessora da vereadora escapou.

De O Dia
Em 1.11.18, às 23h12
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