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‘Faz parte da minha essência’, diz mesário que foi trabalhar como drag queen, na PB

Miss Daphy trabalhou como mesária em uma seção localizada em um colégio, no município de Lucena

Derlan trabalhou em Lucena (Foto: G1PB)
Se é o que faz parte da minha essência, eles vão ter que engolir”. Derlan, de 22 anos, foi convocado e trabalhou pela 2ª vez consecutiva como mesário nas eleições, na Região Metropolitana de João Pessoa, neste domingo (7). No entanto, nestas Eleições 2018, decidiu ir como a drag queen Miss Daphy, o que, segundo ele, causou incômodo em muitos eleitores.

“A decisão de ir montada trabalhar não foi fácil, eu temia algum tipo de agressão, tive muito medo. Mas tive muito incentivo também e principalmente tive forças pra saber o que represento”, pontuou.

Miss Daphy trabalhou como mesária em uma seção localizada em um colégio, no município de Lucena, e contou que, embora não tenha sofrido ofensas verbais na sala onde estava, ouvia piadas nos corredores.

“Preconceito sempre sofri, sempre sofremos na verdade. Desde um simples olhar até palavras de ofensa. Sempre fui afrontado nas outras eleições e com o cenário atual ao qual estamos inseridos não pude ter outra atitude a não ser o de afrontar”, relatou.

Para o maquiador profissional, apesar dos desafios, ir trabalhar durante as eleições “montada” como Miss Daphy foi uma forma de representar uma resistência política e social.

“Estamos realmente vivendo divisores de água em nosso país. E a nossa voz tem que ser ouvida, ela vai ser ouvida, não desistiremos e sim resistiremos. Eu acredito que o amor vencerá”, afirmou.

“Precisamos mudar sim nosso país, mas antes disso precisamos vencer nossos preconceitos”, salientou.

O trabalho nas Eleições 2018 foi registrado no Instagram de Miss Daphy, com uma foto que alcançou 7,8 mil curtidas em menos de 24 horas e gerou discussões nos comentários da postagem, que, de acordo com Derlan, já eram esperadas.

“O incomum incomoda, mas não há outra forma de se lutar a não ser pela resistência. Eu estava ali apenas exercendo meu direito como cidadão e a minha função como mesária. E apesar dos comentários negativos, a maioria foi positiva e pra mim é isso que importa”, explicou.

Miss Daphy considera que a experiência foi positiva, pelo efeito que causou em pessoas que passam por situações de preconceito e, até então, estavam se sentindo desamparadas.

“No fim do dia recebi muitas mensagens que me diziam que não havia mais forças pra lutar, que já estavam desistindo, mas quando viram minha foto sentiram coragem para resistir, se sentiram representados. Foi positivo”, declarou.

“O amor é a única arma que usaremos até o fim. A luta não acabou e nem acabará. Resistiremos”, frisou.

Do G1 Paraíba
Em 10.10.18, às 00h22
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