Bolsonaro incendiou reação contra governo nas redes ao chamar estudantes de 'idiotas úteis', diz estudo
Análise de 600 mil tuítes mostra que 90% das publicações criticaram governo e que reação cresceu após declaração do presidente
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Manifestantes lotaram a Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra o governo Bolsonaro (Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo) |
Segundo Pedro Bruzzi, fundador da Arquimedes e ex-integrante da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da FGV, as declarações de Bolsonaro sobre o ato contribuíram para um aumento do volume de postagens sobre o governo.
— O assunto estava muito esvaziado até a tarde de terça-feira. Após as declaração de Bolsonaro houve uma forte reação no Twitter. Embora a rede de apoiadores do governo seja significativa, podemos afirmar que, ontem (quarta-feira). eles sofreram um massacre — diz Bruzzi.
O protesto chegou ao ranking de assuntos mais comentados do Twitter mundial, os chamados trending topics, e por algumas horas ficou em primeiro lugar. A hashtag mais usada foi #TsunamiDaEducacao, com um total de 550 mil postagens a favor do ato.
A hashtag fazia uma menção a outra declaração de Bolsonaro . Na sexta-feira, o presidente havia dito que seu governo tem "alguns problemas" e talvez enfrentasse um "tsunami" na semana seguinte, embora não tenha esclarecido a que se referia.
Os manifestantes também utilizaram hashtags como #todospelaeducacao e #NaRuaPelaEducacao. Estas últimas, porém, ficaram na marca de cerca de 100 mil postagens, de acordo com análise da Arquimedes. Houve ainda menções a postagens mais políticas, como #forabolsonaro, que também chegou ao décimo lugar do trending topics da rede social.
Uma outra análise feita pela empresa AP/Exata, especializada em big data e inteligência artificial, se debruçou sobre 43.429 mil tuítes publicados a partir de 145 cidades, incluindo todas as capitais e os municípios mais populosos. A coleta foi feita entre meia-noite e às 17h de quarta-feira.
Neste trabalho, foi possível identificar os sentimentos dos internautas, observados a partir das publicações, com base em uma tecnologia baseada em um conceito de emoções da psicologia, segundo o qual o ser humano se expressa a partir de oito emoções básicas: alegria, confiança, medo, surpresa, tristeza, antecipação, raiva e desgosto.
— Os sentimentos predominantes nas publicações foram medo e raiva. A confiança veio em terceiro lugar, capitaneada pela ideia de que os protestos poderão resultar na suspensão dos cortes anunciados. Os demais sentimentos, desgosto, previsibilidade, alegria e surpresa, estiveram presentes em menos de 15% dos tuítes da amostra — afirma Sergio Denicoli, diretor de Big Data da AP/Exata.
De O Globo
Publicada por F@F em 31.05.19, às 02h22
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