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Após 5.402 mortes, prefeito de Milão admitiu erro de ter apoiado campanha para cidade não parar

Quando campanha começou, região tinha 250 pessoas infectadas e 12 mortes; hoje, casos passam de 37.298 e mortes, de 5.402

Médico com traje de proteção trata um paciente com coronavírus em uma unidade de terapia intensiva no hospital San Raffaele em Milão Foto: FLAVIO LO SCALZO / REUTERS
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu que pode ter errado ao apoiar a campanha "Milão não para" que, há um mês, a incentivou os habitantes da cidade a continuar com suas atividades normais, mesmo em meio à pandemia no novo coronavírus.

Na ocasião, a região da Lombardia, na qual Milão fica localizada, tinha 250 pessoas infectadas pelo vírus, com 12 mortes. Nesta sexta, os casos da doença confirmados na região chegaram a 37.298, com 5.402 mortes. Apenas nas últimas 24 horas, a Covid-19 matou 541 pessoas na região, segunda pior estatística desde que a epidemia começou. Na véspera, o númeoro de óbitos havia sido de 387.

A contabilização nacional das mortes no território italiano deverá ser divulgada nas próximas horas mas, com o aumento de casos na Lombardia, a Itália deverá ultrapassar a China no número oficial de pessoas infectadas pela doença, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que já registram 86.012 casos.

A mea culpa de Sala, do Partido Democrático, de centro-esquerda, foi feita durante o programa Che tempo che fa, que foi ao ar na televisão italiana no último domingo. De acordo com o prefeito da cidade de 3,1 milhões de habitantes, foi um erro defender a interrupção da vida normal, mas, há um mês, ainda não se tinha dimensão da real gravidade do novo coronavírus:

— Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título #MilãoNãoPara. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente errado — afirmou Sala. — Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas.

Impulsionada por figuras como Matteo Salvini, expoente da extrema direita europeia, a campanha #MilãoNãoPara ganhou força após Roma criar, em 23 de fevereiro, um cordão sanitário ao redor de 11 cidades da Lombardia — as primeiras medidas de distanciamento social no país. Até que a Itália entrasse em quarentena no dia 8 de março, as orientações do governo central, liderado pelo premier Giuseppe Conte, e das autoridades locais eram conflitantes.

Em seu Instagram, Sala postou um vídeo realizado por uma associação de bares e restaurantes de Milão, que incentivava a população a viver normalmente. A gravação falava sobre os "milagres" feitos diariamente pelos cidadãos, de seus "resultados econômicos importantes" e de que a população "não tinha medo". Dias depois, compartilhou também uma foto em que vestia uma camisa com o slogan "Milão não para".

Em meio ao crescimento exponencial dos casos na região, a mais atingida da Itália, o vídeo viralizou na internet, alvo de críticas por desafiar as orientações de Roma e da Organização Mundial da Saúde — atraso que, segundo especialistas, foi fundamental para o agravamento da crise.

De O Globo Online
Publicada por F@F em 27.03.2020 às 16h30
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