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Empresário ameaçado após anunciar casamento gay na web morre no dia da cerimônia

Saulo Rodrigues Lopes teve uma parada cardiorrespiratória após ser internado para tratar da Covid. Casal gravou vídeo contando como se conheceram e prestou queixa sobre ameaças

Saulo e Rafael (Foto: Arquivo Pessoal/Rafael Ferreira)
Goiânia (GO) - O empresário que recebeu ameaças após anunciar o casamento gay na web morreu no dia em que a cerimônia estava marcada, em Anápolis, a 55km de Goiânia. Saulo Rodrigues Lopes, de 37 anos, teve uma parada cardiorrespiratória após ser internado para tratar da Covid-19, segundo o noivo.

Eles gravaram um vídeo contando como se conheceram e sobre a felicidade que sentiam antes do casamento.

Rafael Ferreira Luiz, 27 anos, disse que o companheiro teve a doença no início deste mês e ficou com 60% dos pulmões comprometidos. Saulo piorou na última semana e foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“No sábado ele falou que não conseguiria cumprir a promessa que ele me fez, que era casar, e que ele não estava aguentando mais. No domingo, que era para ser nosso casamento, ele foi intubado. Ele faleceu no horário que estaria entrando na cerimônia, às 16h, estava no convite”, explicou Rafael.

As ameaças na internet

Saulo e o noivo registraram um boletim de ocorrências no dia 7 de maio deste ano, denunciando que receberam mensagens de um perfil fake, com o nome do casal, dizendo que eles iriam morrer.

“Vocês vão morrer. Vocês são uma vergonha para a cidade. Seus gays nojentos... Isso é falta de porrada na cara”, escreveu o perfil fake.

Em junho, a loja de produtos importados que pertencia aos dois foi furtada e eles tiveram um prejuízo de cerca de R$ 30 mil. Eles disseram acreditar que o furto foi praticado pelas mesmas pessoas que já os ameaçavam.

“Causa muito medo. A gente não sabe o que pode chegar a levar isso. Não estamos saindo de casa. Chegamos a pensar em até desistir do casamento, mas vamos lutar e vencer isso”, disse Saulo ao G1, à época.

Por causa das ameaças, segundo Rafael, o casal teve que mudar a data do casamento. De acordo com ele, antes, estava marcado para o dia 24 de julho, mas, após alterações em contratos, eles tiveram de antecipar a data para o último domingo.

De acordo com a Polícia Civil, o inquérito está em andamento e depende de medidas judiciais representadas.

Outros casos de discriminação aconteceram em Anápolis e outras cidades goianas. 

Rafael contou que, após as denúncias, as ameaças pararam, mas suspeita que recentemente alguém teria derramado sangue pelo salão de festas onde os dois realizariam a cerimônia. O noivo explicou que não denunciou o caso à polícia (veja a foto acima).

“Os donos do espaço ficaram assustados, mas combinamos que isso não nos abalaria. Então, não denunciamos nem postamos, porque era na semana do casamento”, pontuou.

Como o empresário morreu de Covid-19, não teve velório aberto ao público, houve um cortejo às 13h desta segunda-feira (19), com saída do hospital até o cemitério Park de Anápolis. O sepultamento estava previsto para as 14h.

Do G1
Publicada por F@F em 20.07.2021
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