Presidente do MDB anuncia desistência de federação com PSDB e União Brasil
Baleia Rossi enviou mensagem a dirigentes estaduais do partido e pediu esforço para atrair deputados durante janela partidária
Baleia Rossi (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados) |
A mensagem foi divulgada na última quarta-feira (2) e tem como objetivo alinhar a estratégia do partido durante o período da janela partidária, que começou ontem (3), e vai até o dia 2 de abril. O intervalo serve para que deputados federais, estaduais e vereadores possam trocar de sigla sem correrem o risco de perderem o mandato por infidelidade partidária.
“Temos que ficar atentos para a possível filiação de deputados que possam reforçar nosso partido e também atenção para a possibilidade de perdermos deputados para outras siglas”, afirmou Baleia.
De acordo com o dirigente, a meta para a eleição de 2022 é eleger 50 deputados federais e manter o partido como maior bancada do Senado. Tradicionalmente, o MDB disputava com o PT o posto de maior partido da Câmara, mas em 2018 sofreu um encolhimento e hoje é a sexta maior, com 34 deputados.
No comunicado, o emedebista também ressaltou que, mesmo sem federação, o diálogo com os partidos da terceira via, grupo alternativo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), continuam.
Candidatura única
Em fevereiro, junto com os presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do União Brasil, Luciano Bivar, Baleia firmou um compromisso de tentar construir uma candidatura única das três legendas. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), são opções do grupo.
“Estamos trabalhando no fortalecimento da nossa pré candidata à presidência, senadora Simone Tebet, para que ganhe nos próximos meses musculatura para esse grande desafio. Continuamos o diálogo com outros partidos do centro democrático que compartilham do desejo de apresentar uma candidatura alternativa para o país”, declarou o presidente do MDB.
A federação, nova regra que será aplicada a partir deste ano, determina que os partidos adotem a mesma posição nas alianças nacionais, estaduais e municipais para as eleições para o Executivo e o Legislativo. A duração é de no mínimo quatro anos. O instrumento foi feito para compensar a falta das coligações nas eleições proporcionais e permitir uma sobrevida aos partidos ameaçadas pela cláusula de desempenho.
MDB e PSDB são rivais em muitos locais, como no Distrito Federal, onde os tucanos fazem oposição ao governador Ibaneis Rocha (MDB), e em Alagoas, onde o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) é opositor do governador Renan Filho (MDB-AL).
Além disso, caciques do MDB no Nordeste já admitem apoiar o Lula no primeiro turno. Os senadores Renan Calheiros (AL), Veneziano Vital do Rego (PB), Jader Barbalho (PA) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE) planejam se reunir com o petista nas próximas semanas. O apoio ao ex-presidente e rejeitado pela maioria do PSDB e do União Brasil.
Em conversas reservadas, Renan inclusive já admitiu a possibilidade de articular para que a convenção do MDB não homologue o nome de Tebet como candidata do partido. O senador usa como argumento um precedente da própria legenda, que decidiu, em 2006, não validar a candidatura presidencial do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (hoje no PROS). Assim como Tebet, Doria sofre resistência interna e uma ala do PSDB pressiona para que ele não concorra a presidente.
Também presidenciável da terceira via, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) está fora do esforço conjunto para unificar as candidaturas. O ex-ministro da Justiça conversou há duas semanas com importantes integrantes do MDB, como Simone Tebet e o ex-presidente Michel Temer. De Tebet, Moro ouviu um conselho para que se esforce mais na tentativa de integrar os debates com os três partidos. Apesar disso, a visão de dirigentes emedebistas em conversas reservadas, como o próprio presidente da legenda, Baleia Rossi, é a de que Moro tende a não ser incluído nas conversas porque resiste a abrir mão de ser candidato.
No dia 22 de fevereiro, durante evento do BTG Pactual, Moro disse que “não faz sentido abdicar da pré-candidatura se ela tem o maior potencial para vencer extremos”.
Do Estadão com Wscom
Publicada por F@F em 04.03.2022
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