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OPINIÃO! Juiz Antonio Cavalcante escreve sobre novo Papa

Leão do século XXI

Escritor Antonio Cavalcante (Foto: Arquivo Pessoal)
Lembram da especulação antes do conclave? Profanos profetas, alguns enfunando os papos tal qual os sapos do poema de Manuel Bandeira, saíram da penumbra para bradar seus pitacos: “esse não tem chance, é ultraconservador. Aquele, quem sabe, pode dar seguimento ao legado de Francisco.” Tão cheios de si, pareciam querer que o sopro do Espírito obedecesse aos seus estridentes apitos.

Com as conjecturas surgiram as brincadeiras. Uma delas era criar imagens de pessoas comuns vestidas de cardeal. Pelo engenho e arte de um amigo, com a ajuda da Inteligência Artificial (IA), até eu e meu sax entramos na vibe.

Veio então a fumaça branca. Robert Prevost, americano de nascença, tornou-se o Papa Leão XIV. E a controvérsia passou a ser sobre o seu perfil, a começar pela escolha do nome.

Prevost explicou que o nome é uma homenagem a Leão XIII. De modo especial, por Leão ter sido autor da Rerum Novarum. A encíclica, de 1891, trata da condição dos trabalhadores explorados pelo capitalismo industrial, dominado por “homens ávidos de ganância, e de insaciável ambição”, que tomaram em suas mãos o “monopólio do trabalho e dos papéis de crédito [...] quinhão dum pequeno número de ricos e opulentos, que impõem um jugo quase servil à imensa multidão dos proletários.”

A mesma encíclica, porém, condena o comunismo. Para Leão XIII, o comunismo, em vez da prometida igualdade social, promove “igualdade na nudez, na indigência e na miséria.” Por isso a Rerum Novarum abre nossos olhos para, além da injustiça desse sistema, enxergar “suas funestas consequências, a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias.”

A mesma encíclica, porém, condena o comunismo. Para Leão XIII, o comunismo, em vez da prometida igualdade social, promove “igualdade na nudez, na indigência e na miséria.” Por isso a Rerum Novarum abre nossos olhos para, além da injustiça desse sistema, enxergar “suas funestas consequências, a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias.”

O século XXI vive uma nova revolução. Nela se destaca o prenúncio do reinado da IA, que a exemplo da revolução industrial, promete progressos inimagináveis para a humanidade, mas segundo a profecia de Bill Gates, substituirá os humanos em muitas atividades nos próximos dez anos, e mais do que uma ferramenta, é tida como um agente que pode fugir de nossa compreensão e controle, como diz Yuval Harari.

Outros desafios se somam ao advento da IA. Emergência climática, em grande parte resultante do aumento vertiginoso de emissão de gases a partir da queima de combustíveis desde a revolução industrial, e que ameaça não só o direito à vida digna, mas a própria existência das futuras gerações. Invejas e discórdias provocadas por sofisticados totalitarismos modernos, que ameaçam as liberdades, a justiça e a paz.

Rezemos pelo Leão do século XXI, de tantos desafios. Mais do que ficar na discussão rasteira, se ele deveria se negar a ser um “capelão do globalismo” ou aprofundar o “legado de Francisco”, ter a consciência de que um Papa é, antes de tudo, sucessor de Pedro, e não de seu predecessor. E que sua primeira missão é nos confirmar na fé, legado e dom de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Antonio Cavalcante (juiz do Trabalho e escritor)
Em 06 de junho de 2025
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