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Hospitais da PB oferecem riscos a pacientes e à Medicina

Análise da série de problemas nas unidades de saúde foi divulgada em dossiê apresentado pelo CRM e constata caos na saúde pública paraibana

Conselho realizou fiscalização em 28 municípios paraibanos. (Foto: Amanda Gabriel/ Portal Correio)
Faltam medicamentos, insumos, equipamentos, estrutura adequada e profissionais contratados e escalados para trabalhar nos principais hospitais públicos da Paraíba. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (5), durante entrevista coletiva, pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB). Segundo a autarquia, mais de 60% das unidades tinham materiais insuficientes para procedimentos e tratamentos.

Foram fiscalizadas 118 unidades de saúde públicas no estado e os dados foram apresentados no Dossiê da Saúde Pública Paraibana, elaborado a partir das fiscalizações realizadas pelo órgão nesses primeiros cinco meses de 2019. O registro ressalta que os principais problemas nas unidades são a falta de materiais e os riscos ao exercício da Medicina.

As inconformidades encontradas pelo Departamento de Fiscalização foram divididas em quatro parâmetros: número insuficiente de médicos, insumos e medicamentos insuficientes; deficiências estruturais graves; e risco ao exercício da medicina e à segurança do paciente.

De acordo com o levantamento, 63,6% dos hospitais e maiores serviços de saúde fiscalizados oferecem risco ao exercício da medicina e à segurança do paciente, por graves inconformidades, como falta de médicos e de recursos materiais básicos. O dossiê mostra ainda que 54,5% destas unidades têm número insuficiente de médicos, 59,1% apresentam insumos e medicamentos insuficientes e 36,4% possuem deficiências estruturais graves.

Já o risco ao exercício da Medicina fica por conta da escala ou falta de recursos materiais e hospitais com número insuficientes de médicos (escalas incompletas em pelo menos um serviço). O documento revela também que a situação caótica foi observada nas categorias: clínica geral, cirurgia, pediatria, maternidade e oncologia. “A saúde pública está à beira do colapso”, disse o presidente do Conselho, Roberto Magliano de Morais.

Casos mais graves

No Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, faltam medicamentos oncológicos para dar continuidade ao tratamento de pacientes com câncer, há equipamentos quebrados e contingenciamento da fila de pacientes para tratamento.

No Complexo Hospital de Mangabeira (Ortotrauma), também na Capital, as salas de cirurgia estão com buracos no teto, infiltrações, ferrugem e mofo. Segundo o CRM-PB, a infraestrutura está precária com infiltrações e buracos nas paredes, além de infestação de baratas na enfermaria, superlotação e demora na realização de cirurgias.

No Hospital Valentina Figueiredo, na Zona Sul de João Pessoa, foram registrados falta de médicos e subutilização do centro cirúrgico. Na Maternidade Frei Damião, na Capital, há precária conservação predial e risco de colapso elétrico. “Frei Damião e Trauminha deveriam estar interditados”, disse o presidente do CRM-PB.

“Parece que o estado não liga para a saúde pública, sobretudo para a saúde da criança. Recebo, constantemente, por exemplo, ligações do diretor do Arlinda Marques dizendo que o hospital está superlotado, que não sabe mais o que fazer”, completou Roberto Magliano de Morais.

O diretor de fiscalização do conselho, João Alberto Morais Pessoa, completou dizendo que já pediu seis vezes a interdição do Ortotrauma de Mangabeira. “Não temos como interditar porque muitas pessoas dependem da unidade. O dano à sociedade seria muito maior. Essa é uma situação que se repete em outras unidades de saúde, como o Frei Damião”, lamentou João Alberto.

Violência contra médicos

Outro problema apresentado foi  a agressão de pacientes e acompanhantes contra médicos. “Uma médica relatou caso de um pai que chegou armado, exigindo que a filha fosse atendida. É inadmissível que os profissionais de saúde da Paraíba não tenham um plano de garantia. Isso não é admissão do Conselho Regional de Medicina cobrar, mas nós temos que fazer esta denúncia”, declarou Roberto Magliano.

De acordo com pesquisa realizada pelo CRM-PB, no ano passado, 73,4% de 395 médicos entrevistados disseram que já sofreram algum tipo de violência no ambiente de trabalho. A violência verbal foi a mais relatada na pesquisa, com 94,6% dos casos, seguida de violência psicológica e física.

CRM-PB critica gestão por OS

O presidente do CRM-PB também criticou a atuação de organizações sociais na gestão de hospitais públicos do estado. O assunto foi discutido há cerca de 15 dias, em reunião com o governador João Azevêdo. Segundo Roberto Magliano, esta foi a primeira vez que o Governo do Estado recebeu o CRM-PB em oito anos.

“As organizações sociais emprestam agilidade, no entanto, o histórico na Paraíba mostra que elas são verdadeiras caixas-pretas, o dinheiro chega lá dentro e ninguém tem acesso a como ele foi destinado. O governador disse que estão sendo preparados mecanismos de fiscalização para que essas OS não continuem a ser como são. Mas, é preciso, na minha visão, que discutamos se, de fato, essa é a melhor solução. Porque se formos olhar o passado, infelizmente aqui na Paraíba a maioria das experiências não foram positivas. Posso citar o caso da Cruz Vermelha que está sob interdição, por conta da Operação Calvário. E posso citar também que uma OS em Patos está em situação falimentar, teve seus bens sequestrados no Mato Grosso do Sul e as contas congeladas na Paraíba”, concluiu o presidente do CRM-PB.

Do Portal Correio
Publicada por F@F em 05.06.19, às 15h48
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