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Morre o ex-governador da PB e ex-prefeito de JP Wilson Braga

Além de político, Wilson Braga foi advogado, escritor e investigado como mandante do assassinato do jornalista do Correio, Paulo Brandão

Ex-governador Wilson Braga (Foto: Divulgação)
Morreu, na noite desse domingo (17), em João Pessoa, vítima de Covid-19, o ex-governador da Paraíba e ex-prefeito de João Pessoa Wilson Braga, aos 88 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular desde o início do mês.

Wilson Braga apresentava quadro de pneumonia e o primeiro teste para Covid-19 teve resultado negativo. O mesmo aconteceu com sua esposa, Lúcia Braga, que morreu no dia 8 de maio. O laudo apontou falência múltipla de órgãos como causa da morte da ex-primeira-dama. Apenas um segundo exame confirmou que ela havia sido infectada pelo novo coronavírus. No dia seguinte, a confirmação de contágio veio também para Wilson Braga.

Além de político, Wilson Braga foi advogado, empresário e escritor. Entre as suas publicações, estão obras voltadas à temática rural, como ‘O Homem do Campo’, ‘O Nordeste é problema nacional’, ‘O Nordeste e a seca’ e ‘Consequências da importação de algodão pelo Brasil’.

Trajetória

Wilson Leite Braga nasceu em 18 de julho de 1931, em Conceição, Sertão do estado. Ele se envolveu na política muito jovem. Nos Anos 50, se destaca como líder estudantil na Casa do Estudante em João Pessoa e, durante o curso de Direito, se torna representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), chegando a participar da inauguração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em 1955, Wilson Braga se elege deputado estadual pela primeira vez. Somente deixa o cargo em 1967, quando é eleito deputado estadual. Permanece na Câmara Federal até 1982. No ano seguinte, assume o Governo do Estado da Paraíba. Como chefe do Executivo Estadual, lança o Projeto Canaã, para resolver o problema da falta d’água em municípios do interior a partir da construção de açudes e barragens. Em 1986, renuncia ao cargo de governador para concorrer ao Senado Federal, mas acaba derrotado nas urnas por Raimundo Lira e Humberto Lucena.

Em 1988, volta à cena política, desta vez como candidato a prefeito de João Pessoa. Vence as eleições, mas renuncia ao cargo em 1990 para disputar às Eleições Estaduais. Apesar de despontar como favorito nas pesquisas, Wilson Braga sofre derrota no segundo turno contra Ronaldo Cunha Lima.

Para não ficar sem mandato, em 1993 Wilson Braga entra para o quadro de vereadores da Capital. A passagem pela Câmara Municipal, no entanto, é curta. Em 1995, ele retorna ao posto de deputado federal, no qual permanece até 2003. Passa quatro anos sem exercer mandato, mas volta ao Parlamento Federal em 2007. Em 2011, assume seu último cargo eletivo, de deputado estadual, que dura até 2015. A partir de então, Wilson Braga não participa mais de eleições paraibanas.

Ao longo de sua trajetória, Wilson Braga teve passagem pelos partidos Arena, PDS, PFL, PSDB, PMDB, PSB, PDT e PSD.

Investigado em assassinato de jornalista

Wilson Braga foi investigado como mandante do assassinato do jornalista do Correio da Paraíba, advogado e empresário Paulo Brandão, morto a tiros em dezembro de 1984, quando deixava o prédio da antiga fábrica Polyutil, que funcionava às margens da BR-101 Sul, em João Pessoa. No local também funcionava um escritório administrativo do Sistema Correio de Comunicação.

Segundo as investigações, foram mais de 30 tiros disparados por metralhadora e pistola por policiais militares. A violência, cometida pelo Estado, foi motivada pela publicação de várias denúncias, veiculadas no Jornal Correio da época, sobre esquemas de fraudes em licitações e superfaturamento, no Governo do Estado e na prefeitura de João Pessoa.

Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil, com o então delegado Janduy Pereira designado em caráter especial para investigar o crime. No entanto, seis meses depois, não havia nada de concreto na investigação, apesar dos fortes indícios de autoria material e intelectual, que incluía inclusive o nome do então governador, Wilson Braga, como suposto mandante.

Após uma mobilização de amigos e familiares de Paulo Brandão, que contou com apoio de setores importantes como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PB), o caso foi repassado para a Polícia Federal. Um dos primeiros resultados da nova investigação foi a confirmação de que a metralhadora usada no crime era mesmo pertencente ao Palácio da Redenção, após exames de balística feito por peritos federais, em Brasília.

Meses depois, a PF indiciou o coronel da PM José Geraldo Soares de Alencar, conhecido como “Coronel Alencar”, à época chefe da Casa Civil do Governo do Estado, o sargento Manoel Celestino da Silva, o subtenente Edilson Tibúrcio de Andrade e o cabo José Alves de Almeida, conhecido como “cabo Teixeira”.

Segundo a Polícia Federal, o coronel Alencar foi quem planejou o crime, executado pelos outros três militares. Ainda foi indiciado uma quinta pessoa, Ascendino José da Silva Cavalcanti, pelo crime de falso testemunho.

Dos três indiciados, o coronel Alencar foi condenado a 20 anos de prisão, como autor intelectual do crime, o sargento Manoel Celestino foi condenado a 23 anos de prisão, por ter sido um dos executores, mesmo motivo da condenação do subtenente Edilson, a 15 anos de prisão. Ascendino ficou livre porque o crime do qual era acusado prescreveu, por conta da demora na realização do julgamento.

O cabo Teixeira usou as brechas da Lei para escapar da prisão. Fugiu do Estado durante muitos anos, o que dificultou a realização de seu julgamento. Somente em 2010, 26 anos após o crime, a Justiça decidiu julgar o último acusado, mesmo com sua ausência, mas o resultado foi favorável ao réu. Teixeira já tinha 74 anos de idade e a legislação diz que a idade do réu passando dos 70, o prazo para prescrição do crime cai pela metade.

Do Portal Correio
Publicada por F@F em 18.05.2020, às 13h19
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