OPINIÃO! Juiz Antonio Cavalcante escreve sobre a dominação ideológica das massas
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Juiz Antonio Cavalcante (Foto: Arquivo Pessoal) |
Com a HIPERCONECTIVIDADE, SITES e aplicativos não só satisfazem nossas comodidades, mas denunciam onde estamos, o que fazemos, do que gostamos, quase sempre com informações entregues de bandeja por nós mesmos. Parece impossível fazermos qualquer coisa sem deixar rastro digital. E mesmo que se tenha uma lei para protegê-los, como passamos a ter agora, não é fácil blindar nossos dados pessoais sensíveis.
Mas o universo criado por Orwell é muito mais complexo que a vigilância permanente do GRANDE IRMÃO. Ele retrata uma estrutura oligárquica coletiva, cujos slogans do Partido dominante são: GUERRA É PAZ, LIBERDADE É ESCRAVIDÃO, IGNORÂNCIA É FORÇA.
A guerra permanente serve para manter o equilíbrio entre os superestados, não como ato essencial de destruição de vidas, mas dos produtos do trabalho humano. A ideologia dominante é de que o ser humano livre está sozinho e destinado à morte, mas unido ao Partido torna-se imortal e todo poderoso, e que é preciso influenciar negativamente as massas, pois sem contar com termos de comparação, elas sequer terão consciência de que são oprimidas.
Para manter a estrutura de controle e dominação, é preciso espalhar mentiras e acreditar nelas. Por isso não é estranho que naquele país fictício, o Ministério da Paz cuide da guerra, o da Verdade trate das mentiras, e o do Amor pratique tortura. É conciliando o inconciliável que se pretende manter o poder indefinidamente.
Neste ano de pandemia, um Ministro do Meio Ambiente pregou o afrouxamento da proteção ambiental. O Presidente disse para deixarmos de ser maricas e enfrentarmos de peito aberto uma doença que já matou mais de cento e sessenta mil de nós. Um negro, dirigente de uma fundação nascida da luta dos negros, tachou o Dia da Consciência Negra de instrumento de ressentimento racial, e fechou os olhos para o espancamento até a morte de um homem negro, na véspera desse dia. Também neste ano, uma parcela de pobres e negros elegeu candidatos cuja prática é de quem pensa que a ignorância das massas é alimento para sua força política. Mesmo no aparente absurdo, às vezes a vida imita a arte.
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